Madeira de Lei significa, no Brasil, as madeiras que, por sua qualidade e resistência, são empregadas em construção civil, confecção de móveis de luxo, instrumentos musicais e artigos de decoração.
Na Jurema Sagrada Catimbó
As madeiras de Lei são utilizadas pelos os Pajés Indígenas, afim de invocar os seus bons guerreiros e ou pessoas de grande destaque dentro das aldeias que foi desencarnados. Essa Invocação e Encantamento é realizada no pé de uma árvore de lei que após alguns atos sagradas, à referida árvore de lei, passa ser encantada ao tal encantados e essa árvore passa ser uma cidade encantada para esse espírito. A árvore Jurema Preta e chamada de Rainha pois entre as arvores de lei que são consagradas aos espíritos encantados a mais importante para os Juremeiros, é a Jurema Preta, dela e feita o cauim, e várias outras lendas. mais alem delas existem varias outras que são veneradas mais não importante como a árvore Jurema Preta senhora Rainha.
O inicio dos atos religiosos da pajelança e hoje na Jurema Sagrada de Caboclo – catimbó jurema, e retirado mutilado um pedaço do tronco afim de dar início ao encantamento. É no catimbó com vários outros artefatos junto a esse tronco, sendo alguns da natureza e realizado um altar com várias energias da natureza para realizar a invocação afim de Encantar, o Caboclo e ou Mestre da corrente do Juremeiro.
São chamados esse arrumados de coisas de Truqueira, e ou o Assentamento do espírito encantado, que quando esteve na terra foi consagrado a juremeiro, ou no ato de sua morte o seu Caboclo e ou Mestre, o dono de suas Correntes lhe encantou em na sua passagem levando para o mundo dos encantados da Jurema Sagrada, e se preparado ater ter o direito de ser consagrado nas correntes de um discípulos primeiramente a convite do dono das correntes.
E com a sua evolução passará a ser dono de corrente ate chegar um tempo que não passará mais em terra sendo consagrados aos que não acosta sendo os guardiões não manifesta nos culto mais tem o dom de cantar e invocar o encantado nos couros de seu padrinho mestre. Isso é porque a sua mediunidade e de trabalhar acordado pois o seu mestre não acosta mais e um mestre alto.
E Puxado toda a ciência deste encantado no tronco de uma árvore e com outros artefatos como foi dito fazendo um elo entre o juremeiro e o espirito encantado. Ao passar do tempo o espírito encantados nas correntes do juremeiro, vai acordando e passando a sua ciência ao discípulos fazendo um elo entre o tronco e a natureza que foi encantado. Tendo vida na vida.
Na minha rama, do Reino do Juremal, o tronco da árvore e uma representação a onde esta o espírito encantado na natureza e não em um pedaço de tronco morto. Portando a vida na vida, e ele passa ser vivo quando esta acostado em seus discípulos.
Jurema Preta
Jurema-preta (Mimosa hostilis Benth.) é uma árvore pertencente à família Fabaceae, da ordem das Fabales típica da caatinga, ocorrendo praticamente em quase todo nordeste brasileiro.
Bem adaptada para um clima seco possui folhas pequenas alternas, compostas e bipinadas com vários pares de pinas opostas. Possui espinhos e apresenta bastante resistência às secas com grande capacidade de rebrota durante todo o ano.
Usada pelos índios da etnia xucurus-cariris em conjunto com a Jurema Branca (Mimosa verrucosa).
É utiliza tradicionalmente para fins medicinais e religiosos. Sua casca é usada para fins medicinais e a casca de sua raiz é a parte da planta usada nas cerimônias religiosas, pois possui grande quantidade de substâncias psicoativas, como o DMT.
Jurema Sagrada
como tradição “mágica” religiosa, um assunto muito estudado. É uma tradição nordestina que se iniciou com o uso desta planta pelos indígenas da região norte e nordeste do Brasil, mas que, atualmente possui influências as mais variadas, e que vão desde a feitiçaria Europeia até a Pajelança, passando pelas religiões africanas, pelo catolicismo popular, e até mesmo pelo esoterismo moderno, psicoterapia psicodélica e pelo cristianismo esotérico.
No contexto do sincretismo brasileiro afro-ameríndio, a presença ou não da jurema como elemento sagrado do culto vem estabelecer a diferença principal entre as práticas de umbanda e do catimbó.
Apesar de bastante conhecida no Nordeste do Brasil ainda não há um consenso sobre qual a classificação exata da planta popularmente conhecida por Jurema.
A Árvore da Jurema Preta
A Jurema (Acacia Jurema mart.) é uma das muitas espécies das quais a Acácia é o gênero. Várias espécies de Acácia nativas do nordeste brasileiro recebem o nome popular de Jurema.
As Acácias sempre foram consideradas plantas sagradas por diferentes povos e culturas de todo o mundo;
Os Egípcios e Hebreus veneravam a “Acacia nilotica” (Sant, Shittim, Senneh), Os Hindus a “Acacia suma” (Sami), Os Árabes a “Acacia arabica” (Al-uzzah), Os Incas e outros povos indígenas da América do sul veneravam a “Acacia cebil”(vilca, Huillca, Cebil), Os nativos do Orinoco a “Acacia niopo” (Yopo)
E os índios do nordeste brasileiro tinham na “Acacia Jurema Preta” (Jurema, Jerema, Calumbi) a sua árvore sagrada, a sua Acacia, ao redor da qual desenvolveu-se essa tradição hoje conhecida como “Jurema sagrada”.
A Bebida ou Cauin Jurema de Caboclo
Os Primeiros Juremeiros fazia a Jurema com a Raiz da Jurema Preta mais alguns outros componentes dentro dele uns especificam cipó que tem dentro da Mata, isso quando era na Pajelança quando os novos iniciados saíram das Aldeias foi agregado valores e passou a ser Chamada Jurema de Caboclo, e essa bebida era feita no meio das Matas somente com discípulos consagrados.
Mestre Neto Juremeiro afirma que essa bebida ficava em fusão enterrada no Pé das Árvores Sagradas de 6 meses a 01 ano afim de serem ingeridas nos ritos que era realizados somente dentro das Matas e por esse motivo foi batizado como Jurema de Caboclo que nesta época não existia a corrente dos mestres (1532 a 1850).
Jurema é uma bebida feita com a raiz ou a casca da árvore do mesmo nome. Os pajés, sacerdotes tupis, faziam uma bebida da raiz da Jurema Preta e a da Jurema Branca, que dava sonhos afrodisíacos.
Era bebida sagrada, servida em reuniões especiais. Das raízes e raspas dos galhos, os feiticeiros, Catimbozeiros do Nordeste.
Até o século XIX beber jurema era sinônimo de feitiçaria ou prática de magia, pelo que muitos índios e caboclos foram presos acusados de praticarem o “adjunto da jurema”.
Segundo Carlos Estêvão que visitou os Pancararús de Brejo dos Padres em Taracatú Pernambuco, 1936.
O preparo da Jurema ocorre da seguinte forma: Raspada a raiz, para eliminação da terra que, porventura, nela esteja agregada, em seguida é colocada sobre outra pedra e macerada.
Quando a maceração está completa, bota-se toda a massa dentro de uma vasilha com água, onde a espreme com as mãos. Pouco a pouco, a água vai-se transformando numa infusão vermelha e espumosa, até ficar em ponto de ser bebida.
Pronta para este fim, dela se elimina toda a espuma, ficando, assim, inteiramente limpa.
Ao ficar nesse estado, o mestre cerimônia acende um cachimbo tubular, feito de raiz de jurema, e, colocando-o em sentido inverso, isto é, botando na boca a parte em que se põe o fumo, assopra sobre o líquido que da vasilha fazendo com a fumaça uma figura em forma de cruz e um ponto em cada um dos ângulos formados pelos braços da figura.
Os rituais que incluem a ingestão da bebida preparada com a jurema ainda são praticados por diversos outros remanescentes indígenas no Nordeste do Brasil, apesar do processo de integração à sociedade nacional e do histórico combate pela colonização católica, com os rigores da inquisição e da perseguição policial como referido.
Podem ser identificados como etnias sobreviventes às Missões indígenas alguns grupos indígenas que ainda utilizam a Jurema em seus rituais: Kiriris, Tuxás, Pankararé no Nordeste; Tupinambás de Olivença – Sul da Bahia; Atikun, Fulniôs, Xucuru-kiriri em Pernambuco, Kariri-xocó de Alagoas e os Xocós de Sergip
Jurema Preta Uso Medicinal
Partes utilizadas: Casca do tronco e da raiz, e folhas.
Propriedades terapêuticas: cicatrizante, anti-inflamatório, antiviral, antifúngica e antisséptica
Indicações: o pó da casca é muito eficiente em tratamentos de queimaduras, acne, defeitos da pele e esfoladelas causadas por pressão. Tem efeito antimicrobiano, analgésico, regenerador de células, febrífugo e adstringente peitoral.
As folhas são usadas com as mesmas finalidades.
A casca da raiz tem efeitos psicoativos. O principal ingrediente ativo nesta parte da planta é N, N-DMT, e há também uma pequena quantidade de beta carbolinas (De acordo com Raetsch, 2005).
A casca é lisa de cor acinzentada com estrias longitudinais abertas. Tem propriedades sedativa, narcótica adstringente e amarga (BARBOSA, 1988).
Os taninos têm função fungicida e bactericida em qualquer solução que possua seus componentes. A jurema preta apresenta 17,74% de taninos condensados, que atuam como captadores de radicais livres, e tem atividades antimicrobiana, antiviral, antifúngica, antidiarréica e anti séptica (Monteiro et al, 2005) e doenças gastrointestinais.
O extrato de jurema preta apresenta atividade antimicrobiana contra Streptococus ssp. e Staphylococcus ssp.como também contra Proteus mirabilis e Shiguella sonnei (TRUGILHO, (2003), PAES et al., (2006) GONÇALVES et al.,(2005))
Modo de usar:
Decocção
- É indicada no tratamento de ferida cutânea tais como queimaduras de segundo grau e feridas traumáticas superficiais;
- Banhos para curar úlceras, cancros, flegmões e erisipelas o efeito cicatrizante;
- Em animais domésticos a planta é usada em lavagens contra parasitas.
Outras Observações:
Árvore com cerca de 5-7 m de altura, caule ereto ou levemente inclinado, casca de cor castanha muito escura, as vezes acinzentada, grosseira, rugosa, fendida longitudinalmente, entrecasca vermelho-escura. A planta é muito rústica, por isso o plantio é relativamente fácil, podendo também ser semeada diretamente nas covas ou a lanço em áreas preparadas. O desenvolvimento das plantas no campo é rápido, podendo alcançar 4 a 5 m de altura dentro de cinco anos. Não há notícias de pragas ou doenças, mas deve ser protegida contra o excesso de pastagem por gado bovino e, principalmente, caprino e ovino, especialmente em plantios visando a recuperação do solo.
A Jurema juntamente com o cacto mandacaru faz parte do dia a dia do nordestino, bem como das histórias e das lendas, sobretudo na caatinga nordestina, sendo considerada sagrada pelos índios.
Não é difícil entender porque a Jurema seria sagrada para os índios nordestinos antes da chegada dos brancos.
Além de seu caráter alucinógeno e do seu comprovado uso nas guerras e ritos de passagem, a Jurema, enquanto planta, desempenha um papel central no ecossistema semiárido das caatingas nordestinas: durante os longos períodos de estiagem, quando a paisagem do sertão fica cinza e vermelho, apenas ela e o cacto do mandacaru resistem verdes e com reservas de água.
Na verdade, no auge da estiagem, a casca da Jurema seca enquanto seu interior permanece viçoso. Quando a chuva volta, a casca seca cai e a árvore reaparece jovem.
Esse fenômeno dá margem a uma longa mitologia de lendas e cantos envolvendo os ciclos de sazonalidade de morte e renascimento. Mas, ao contrário do mandacaru, do qual o sertanejo pode extrair água durante a estiagem, a água da Jurema é completamente inacessível ao uso humano.
No caso da Jurema, a existência de água atrai a presença de pequenos insetos e de vários níveis de pequenos predadores da cadeia alimentar do ecossistema do sertão.
As cobras são habituais no juremal, tanto pela existência farta de seu alimento como pela proteção dos galhos espinhosos, impossibilitando o trânsito de animais maiores.
Este fato deu margem a uma extensa mitologia popular, cantada em pontos e chamadas tradicionais, em que as cobras protegem espiritualmente à árvore, assim como esta, com seus espinhos, protege os seus répteis guardiões. Assim, centro da resistência da vida orgânica à seca, em torno do qual todo ecossistema ‘não humano’ (na verdade, não mamífero) da caatinga gravita, a Jurema reina no sertão nordestino, desde tempos imemoriais, às margens de qualquer socialização: trata-se apenas um local perigoso e cheio de tabus, sob múltiplos aspectos.
No semiárido nordestino, as estações do ano são bem distintas, uma chuvosa e outra seca, durante a estação chuvosa, o alimento disponível é abundante e de boa qualidade nutricional, enquanto que na estação seca, a disponibilidade e a qualidade da forragem são reduzidas em virtude da lignificação da parede celular e do decréscimo de proteína bruta das plantas, escasseando a produção de alimentos, seguindo esta tendência da disponibilidade de forragem, os animais ganham e perdem peso, respectivamente nas estações chuvosa e seca, o que leva a enormes perdas para a pecuária da região, hoje muitos estudos já estão sendo conduzidos pelas universidades, no sentido de usar a flora disponível para suplementar a alimentação dos animais e a Jurema é parte importante de todos esses estudos.
A suplementação alimentar na época crítica do ano permite que o animal chegue ao período úmido seguinte com uma perda de peso menor e em melhor estado clinico. Hoje já se sabe que está substituição é viável já existem estudos que mostram que os animais não tiveram a sua saúde comprometida.
A Jurema é muito rica em taninos que são altamente fungicidas e bactericidas e temos hoje também estudos em que essas propriedades são utilizadas para combater patologias que atingem os animais da região, principalmente os ovinos, constituindo-se assim uma alternativa fácil e econômica. Alguns já com sucesso.
Uso enteogeno da Jurema
O próprio termo comporta denotações múltiplas, que são associadas em um simbolismo complexo Além do sentido botânico.
A palavra Jurema designa ainda pelos menos três outros significados: preparado líquido à base de elementos do vegetal, de uso medicinal ou místico, externo e interno, como a bebida sagrada, “vinho da Jurema”; cerimônia mágico-religiosa, liderada por pajés, xamãs, curandeiros, rezadeiras, pais de santo, mestras ou mestres juremeiros que preparam e bebem este “vinho” e/ou dão a beber a iniciados ou a clientes; e a Jurema como sendo uma entidade espiritual, uma “cabocla”, ou divindade evocada tanto por indígenas, como pelos herdeiros de cultos afro-brasileiros, o Catimbó e a Umbanda.
A casca da raiz da Jurema desta árvore tem um papel interessante na história passada e presente do xamanismo psicodélico. É a única planta que se conhece que pode ser usada numa poção para beber que, sem a ajuda de outra planta, induz experiências visionárias semelhantes às da ayahuasca.
Na História brasileira era usada no Vinho da Jurema, uma cerimônia de preparação e ingestão desta planta.
A jurema é uma fonte muito comum para os ocidentais prepararem ayahuasca, que é uma poção com uma farmacologia (uma planta inibidora da MAO – Mono Amino Oxidase e outra com DMT) muito semelhante à da ayahuasca.
A Jurema é usada hoje em dia sobretudo em combinação com a Peganum harmala para preparar anahuasca, uma infusão considerada enteogena semelhante à ayahuasca. Os efeitos podem ser descritos como uma limpeza física e mental, e uma ligação de 4 horas a mundos normalmente imperceptíveis. O efeito purgativo pode ser até mais forte do que da ayahuasca que aliado a sensação de aspereza e ao gosto amargo propiciado pelos taninos, rotulam a bebida de “imbebível”, evidente que para os conhecedores dos segredos dela, isso pode ser facilmente superado.
A intensidade depende de muitos fatores, por isso muitas pessoas têm de adquirir experiência e passar por efeitos leves no princípio. Quando os efeitos são ligeiros, a maioria das pessoas experimenta algo semelhante ao atingido por cogumelos psilocibinos ou de LSD, juntamente com dores de estômago nas primeiras 2 horas.
Quando os efeitos são fortes, a maioria das pessoas experimenta uma mudança drástica na interpretação da realidade, ou mesmo algum tipo de transporte de todos os sentidos para outra dimensão. A anahuasca é conhecida pelas suas visões fortes, tanto positivas como negativas. As visões contam histórias sobre quem bebe a poção e sobre todo o universo. Muitas pessoas não têm visões e sentem a anahuasca através dos outros sentidos. Os efeitos purgativos podem ser muito fortes. Algumas pessoas têm diarreia e vômitos.
O DMT substância responsável pela experiência enteogena está presente em maior quantidade na casca da raiz, mas está igualmente disponível na casca do tronco.
Apesar disso ainda se sabe pouco sobre o potencial dessas maravilhosas plantas da caatinga nordestina, a sabedoria popular e alguns autores, já mostraram espécies com atividades antioxidantes, anti-inflamatórias e cicatrizantes, e por ai vai, mas ainda hoje pouco se sabe sobre as substâncias que possível mente sejam responsáveis por esses efeitos terapêuticos, de qualquer forma mesmo que seja apenas na sabedoria popular, as ervas são de grande importância para as populações locais.
A Jurema Preta corresponde à Mimosa tenuiflora, segundo ele semelhante à Jurema-branca esgalhada e armada.
A Mimosa hostilis pertence à família Leguminosae (Fabaceae); subfamilia. Mimoseae; tribo Eumimoseae (Mimosa L.) sect. Habbasia e ser. Leptostachyae
Descrição da planta:
Árvore com cerca de 5-7 m de altura, com acúleos esparsos. Caule ereto ou levemente inclinado, casca de cor castanha muito escura, às vezes acinzentada, grosseira, rugosa, fendida longitudinalmente, entrecasca vermelho-escura. Ramificação abundante e, em indivíduos normais, de crescimento sem perturbação, acima da meia-altura. Ramos castanho avermelhados, esparsamente aculeados.
Folhas compostas, alternas, bipinadas, com 4-7 pares de pinas de 2-4 cm de comprimento. Cada pina contém 15-33 pares de foliolos brilhantes, de 5-6 mm de comprimento.
Flores alvas muito pequenas, dispostas em espigas isoladas, de 4-8 cm de comprimento.
O fruto é uma vagem pequena, tardiamente deiscente, de 2,5 a 5 cm de comprimento, de casca muito fina e quebradiça quando maduro. Contém 4-6 sementes pequenas (3-4 mm), ovais, achatadas, de cor castanho-claro.
A madeira tem alburno castanho-avermelhado-escuro e cerne amarelado, é muito pesada (densidade 1,12 g/cm3), de textura média, grã direita, de alta resistência mecânica e grande durabilidade natural. A planta tem raiz pivotante e também raízes superficiais, embora menos do que outras plantas da caatinga
Como reconhecer a planta: Folíolos minúsculos, casca escura, cheiro das flores característico. Mantém a folhagem, embora em densidade reduzida, durante muitos meses da estação seca.
Ocorrência e amplitude ecológica: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,Alagoas, Sergipe e Bahia, na caatinga e no carrasco. Ocorre também no México.
Informações ecológicas: Planta decídua, heliófita, seletiva higrófita, pioneira, característica da caatinga, onde é bastante comum, porém com dispersão descontínua e irregular ao longo de sua área de distribuição. Ocorre preferencialmente em formações secundárias de várzeas com bom teor de umidade, de solos profundos, alcalinos e de boa fertilidade, aonde chega a crescer vigorosamente. Mas viceja em terrenos diversos, inclusive nas áreas onde os solos foram decapitados, restando apenas o subsolo, em terrenos erodidos ou onde houve serviço de terraplanagem, e também em solos pedregosos ou secos.
Agüenta encharcamento periódico.
As raízes têm uma alta capacidade de penetração nos terrenos compactos. A jurema-preta tem um grande potencial como planta regeneradora de solos erodidos. É uma espécie indicadora de uma sucessão secundária progressiva ou de recuperação e sua tendência ao longo do processo é de redução da densidade. No início da sucessão forma matas quase puras. Os folíolos caem e se refazem continuamente cobrindo o solo com um tênue manto que logo se decompõe formando ligeiras camadas de húmus. Além disso, ela participa na recuperação do teor de nitrogênio no solo. Dessa maneira, ela prepara o solo para o aparecimento de outras plantas mais exigentes, como, por exemplo, paud’árco, aroeira, cumaru, angico, juazeiro, mofumbo, etc. Espécie muito importante para a alimentação das abelhas durante muitos meses, na época seca e de transição seca-chuvosa. Produz anualmente grande quantidade de sementes viáveis.
Fenologia: Perde uma parte da folhagem durante a estação seca, rebrotando logo com as primeiras chuvas. Floresce durante um longo período do ano, predominando, entretanto, nos meses de setembro a janeiro. Os frutos amadurecem principalmente em fevereiro-abril. O florescimento não ocorre maciçamente, nem suas flores persistem em demasia. As árvores florescem seqüenciadamente, uma após as outras, fornecendo néctar e pólen numa constância de espaço e tempo muito benéficos às abelhas. Na rebrota de indivíduos rebaixados, pode-se observar a persistência da folhagem, embora em densidade diminuída, durante a maior parte da estação seca.
Propagação: Por sementes e brotação do toco.
Obtenção de sementes: Colher os frutos diretamente das plantas quando iniciarem a abertura espontânea. Em seguida, deixá-los ao sol para completar a abertura e liberação das sementes.
Cultivo de mudas: Colocar as sementes para germinação logo após a colheita em canteiros a pleno sol contendo substrato arenoso. Escarificar as sementes para melhorar sua germinabilidade. A emergência ocorre em 2-4 semanas e a taxa de germinação geralmente é alta com sementes escarificadas.
Plantio: A planta é muito rústica, por isso o plantio é fácil, podendo também ser semeada diretamente nas covas ou a lanço em áreas preparadas. O desenvolvimento das plantas no campo é rápido, podendo alcançar 4 a 5 m de altura dentro de cinco anos. Não há notícias de pragas ou doenças, mas deve ser protegida contra o excesso de pastagem por gado bovino e, principalmente, caprino e ovino, especialmente em plantios visando a recuperação do solo.
Utilidades:
Madeira: muito resistente, empregada para obras externas, como mourões, estacas e pontes, para pequenas construções, rodas, peças de resistência, móveis rústicos. Fornece excelente lenha e carvão de alto valor energético.
Medicina caseira: o pó da casca é muito eficiente em tratamentos de queimaduras, acne, defeitos da pele e esfoladelas causadas por pressão. Tem efeito antimicrobiano, analgésico, regenerador de células, febrífugo e adstringente peitoral. As folhas são usadas com as mesmas finalidades.
PSICOATIVIDADE : A casca da raiz tem efeitos psicoativos. O principal ingrediente ativo nesta parte da planta é N,N-DMT, e há também uma pequena quantidade de beta-carbolinas (De acordo com Raetsch, 2005). Algumas fontes indicam a presença de 5-MeO-DMT.
Veterinária popular: o efeito cicatrizante serve também nos animais domésticos e a planta é usada em lavagens contra parasitas.
Restauração florestal: planta pioneira e rústica, é especialmente indicada para a recuperação do solo, combater a erosão e para a primeira fase de restauração florestal de áreas degradadas. Pode ser usada para restauração florestal de matas ciliares.
Sistemas agrotlorestais: sendo a jurema-preta uma forrageira palatável para todos os animais domésticos, ela é indicada para a composição de pastos arbóreos, onde oferece forragem verde durante muito tempo na estação seca, podendo esse período ser estendido rebaixando a planta. Os galhos espinhentos servem para construção de cercas de ramo. Por manter boa parte da folhagem durante a estação seca, a jurema-preta tem um importante papel de sombreamento para animais e para o solo.
Abelhas: espécie muito importante para fornecimento de néctar e pólen para as abelhas, especialmente durante o período seco.
Forragem: as folhas e vagens são procuradas pelo gado bovino, caprino e ovino. É uma das plantas da caatinga que primeiro se revestem de verde logo depois das primeiras chuvas.
Aplicações industriais: usada em produtos cosméticos nos EUA, Itália e Alemanha, em loções para o couro cabeludo, sabonete, xampu e condicionador. A casca é empregada para curtir couros.
Importância cultural: “Muitos grupos indígenas do semi-árido pernambucano consideram a jurema preta (Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.) uma planta sagrada, cercada de profundo respeito e de todo um cerimonial, com as populações dessa planta tendendo a ser protegidas.” Das raizes, os índios preparavam uma bebida chamada ajucá ou vinho de jurema, usada por ocasião das cerimônias dos pajés. Uma bebida usada pelos caboclos, na foz do Rio São Francisco, chamada de jurubari, também usava a jurema, junto com a imburana-de-cheiro, pau-ferro e mel, tudo dissolvido na cachaça. As flores e ramas da jurema também são usadas em banhos lustrais ou de defesa, usados nos candomblés. O pó da casca era usado pelos Maias desde o século 10, em lesões cutâneas, como antiséptico natural. Foi “redescoberta” pelas instituições de saúde do México, que pesquisaram suas propriedades e a utilizavam com sucesso para tratar queimaduras em pessoas, depois de catástrofes nos anos de 1984 e 1985. A jurema-preta, árvore enraizada na cultura dos índios e dos habitantes atuais da região do Nordeste, poderá passar a ser uma espécie essencial para a restauração florestal de áreas muito devastadas, para recuperar o mais rápido possível o solo e ajudar o crescimento de outras plantas, inclusive madeiras nobres. Em áreas menos degradadas, ela pode ser utilizada, em manejo sustentável, como fonte de madeira, lenha e carvão, forragem, alimento apícola e remédio. Com a expansão do mercado de produtos naturais, também na área de produtos de limpeza e cosméticos, a jurema-preta pode servir como fornecedora de matéria-prima para tais produtos, criando uma renda adicional, na época de entressafra, para os habitantes do sertão
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